domingo, 8 de março de 2009

Ikebana Design



Nome: Andreia Martins
Cidade: Lisboa
Flickr: www.flickr.com/photos/ikebanadesign




Como descreverias o teu trabalho?

Simples, muito orgânico.



Como é que tudo começou?

Sempre fui muito criativa e adoro misturar materiais. Nos meus tempos livres pinto telas a óleo e sempre fiz as minhas bijutarias. Foi assim que surgiu realmente a Ikebana Design. Sempre que fazia uma peça nova para mim, os meus amigos e familiares gostavam imenso e comecei a ter pedidos de encomenda. Primeiro para a família e amigos próximos, depois para os amigos dos familiares e amigos dos amigos. E assim foi crescendo.

Como escolheste o nome do teu projecto?

Ikebana não é um nome criado por mim, não é um nome novo, muito pelo contrário, é o nome de uma arte floral que nasceu na Índia e que tem raízes profundas na cultura japonesa. Nutri desde cedo um fascínio pela arte oriental e quando foi altura de escolher o nome da minha marca foi lá que o fui encontrar. Por essa altura estava a desenvolver uma tela a óleo. Tenho por costume fazer uma pesquisa sobre os elementos que quero reproduzir. Nesse caso eram plantas/flores e foi nessa mesma pesquisa que descobri toda a história da arte de Ikebana. O conceito, a história e a beleza que a envolvem cativaram-me.

Em contraste com a forma decorativa dos arranjos florais que prevalece nos países ocidentais, o arranjo floral japonês representa o amor à beleza da natureza. O seu objectivo é cultivar e elevar a sensibilidade das pessoas através da composição de arranjos florais, resgatando e realçando a beleza existente em cada flor. Tal como esta arte, sempre que projecto uma colecção tento preservar esta filosofia enriquecedora.



Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

Hum... a minha mãe sempre foi apaixonada por crafts, cresci rodeada de criatividade (risos). Sempre tive em casa coisas mimosas feitas por ela: ponto cruz, pinturas a óleo em pequenas peças e muitos desenhos, caramba… ela desenha muito bem! :) Portanto, o gosto por trabalhos manuais já vem de tenra idade, é uma actividade que me dá imenso prazer.

Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Os crafts tem um papel importante na minha vida mas não são a minha actividade a tempo inteiro (infelizmente). São um hobby que me permite descontrair. Neste momento a minha vida anda bem agitada. Estou a gerir duas empresas, uma onde trabalho efectivamente e que está relacionada com sistemas e assistência informática. A segunda chama-se Pixelminds, é um projecto que envolve mais três amigos e que está relacionada com design, marketing e publicidade. Além disto, estou também a concluir a licenciatura em gestão empresarial à noite.



De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

A minha inspiração acaba por se centralizar nas raízes do próprio conceito do nome da minha marca - Ikebana. Surge por norma da Natureza, que é muito rica e oferece-me muitas coisas que posso adaptar às minhas criações. As texturas, formas, cores… são uma harmonia constante e a conjugação resulta muito bem.

Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Vou buscá-los maioritariamente ao Martim Moniz ou à rua das retrosarias em Lisboa (Rua da Madalena) que fica perto do Arco da Rua Augusta para quem não conhece.

De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

Curiosa esta pergunta, (risos), a parte que mais me agrada na verdade é a conjugação das cores numa peça e a escolha «daquele pormenor».



Como é que divulgas o teu trabalho?

Ainda não tive muito tempo para investir verdadeiramente na divulgação do meu trabalho. Faço-o pela internet através de alguns sites básicos como o Flickr ou o Hi5, também já se proporcionou uma entrevista para uma publicação Japonesa de design chamada 1626, o que foi óptimo!

A Internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Penso que a internet tem um papel muito importante em muitos aspectos na actualidade e, sem dúvida , tem um papel importante na divulgação do meu projecto. As pessoas estão cada vez mais familiarizadas a internet, que é um meio de divulgação barato e acessível e chega a toda a parte do mundo.

O que achas da actual moda do artesanato urbano?

A «moda do artesanato urbano» é sem dúvida muito saudável. Fico deliciada com a quantidade de almas criativas que existem, especialmente no nosso país. Esta explosão de criatividade, caracterizada pela produção de objectos a partir de técnicas tradicionais em série limitada, plasticamente expressivas e com uma aproximação às nossas raízes, são fruto da vivência urbana do artesão e contribuem cada vez mais para a produção de peças nacionais com mais qualidade, mais originais e únicas num mundo repleto de formatos com quantidades industrializadas. Em suma, considero-a como sendo uma lufada de ar fresco para a arte nacional.



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Que tentem sempre usar a vossa própria criatividade, copiar é sempre um mau príncipio e posso garantir que usar as nossas ideias é muito mais gratificante. Aconselho que explorem novas técnicas, novas formas, novos materiais, que não se prendam a nada concreto durante muitos anos. A nossa arte é como nós próprios, amadurece com o tempo e precisa de ser experimentada para que isso aconteça.

Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Tenho tido algum contacto com alguns crafters através do flickr (que é um mundo de talentos). Vou partilhar apenas alguns dos muitos que para mim se destacam: Wishes&Heros, Ideias de Conta, Corte na Costura, Magdalena Orlik, BijouxKa, Lana Bragina, que é da Hungria, adoro as formas orgânicas das peças dela, Lisa Stevens, Cerejas Cintilantes, Su, Dominika Naborowska, Odile Gova, Julie Fountain, Daniele Sinhorelli, Cristina Pacheco, Erika Harberts, Catie's Blue, Judit Wild.

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Neste momento concluir o meu curso. No que diz respeito à minha marca gostava de tirar um curso de design de jóias. Quero aprender novas técnicas de manuseamento de materiais nessa área e aperfeiçoar os meus acabamentos. Com mais tempo pretendo promover o meu trabalho a sério. Depois (risos) tenho o mundo inteiro para explorar! Haja saúde!