domingo, 13 de dezembro de 2009

Pomba Amarela



Nome: Ana Amorim
Cidade: Lisboa
Blog: pombamarela.blogspot.com
Blog: pombamarelaloja.blogspot.com
Flickr: www.flickr.com/photos/24125991@N05




Como descreverias o teu trabalho?

Principalmente caótico, porque as minhas mãos não conseguem dar conta da quantidade de ideias que o meu cérebro cria, porque não tenho um espaço próprio e, portanto, as peças e os materias vão ficando espalhados pela casa e dou por mim frequentemente à procura de uma das sete tesouras que tenho.



Como é que tudo começou?

A resposta mais correcta talvez seja na infância. Cresci em Viana do Castelo, no seio de uma família de mulheres prendadas, a minha avó e a minha tia avó faziam crochet, a minha mãe e a irmã dela para além de crochet também tricotavam. Além disso, a minha mãe sabe coser, fazer bordados de Viana, ponto de cruz, etc.. Eu aprendi a fazer tudo com ela, se eu não sei ela sabe ensinar-mo, é espantoso. A única coisa que eu sei fazer e a minha mãe não sabe é arraiolos. Comecei por fazer as roupas das minhas bonecas e depois passei para o ponto de cruz, numa altura em que era piroso fazer trabalhos manuais, voltei a pegar nas agulhas quando fiquei grávida da Alice... e depois foi crescendo de projecto para projecto, com novas técnicas, materiais e acabamentos.



Como escolheste o nome do teu projecto?

A escolha foi difícil, pois não queria usar o meu nome por razões profissionais, até que me lembrei que a Alice quando começou a falar chamava a todos os pássaros pomba e à cor branca amarela e assim surgiu a pombamarela. Porque os pássaros têm a liberdade de voar da mesma forma que o meu cérebro voa a todo o momento para todo o lado.

Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

É a minha forma de transformar o processamento do meu cérebro, faz-me sentir relaxada e em contacto comigo mesma. Quando estou a produzir uma peça estou a fazê-lo como quero, à velocidade que me apetece, aplico a energia de que disponho, nem mais nem menos, e sou a única a criticar o meu trabalho, o que posso garantir ser tarefa árdua pois sou a minha maior crítica.



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Antes de outra coisa qualquer sou mãe, 24 horas por dia, mesmo enquanto as minhas filhas estão na escola eu não deixo de ser mãe. Não sei bem como explicar mas elas estão sempre no meu pensamento e no meu coração de uma forma intensa. Depois vem o meu trabalho, 7 horas e 36 minutos diários de webdesign, que paga contas. E depois delas adormecerem estão os crafts, a fotografia, o desenho...

De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

De tudo o que me rodeia, dos milhares de imagens que subconscientemente registo no dia-a-dia, enquanto as levo para a escola, vou trabalhar, das pessoas que passam por mim na rua... enfim tudo.



Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Sobretudo na internet e em viagens de férias ao estrangeiro. Enquanto as pessoas compram souvenirs eu compro lã, botões, tecidos e que mais me chamar a atenção.

De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

Nas peças de lã gosto da parte do meio, ou seja, o projecto já não está no início, ainda não está acabado, mas eu já consigo perceber como é que está a ficar. Nas peças de botões gosto da escolha dos botões, de passar horas a fazer jogos de cores, de sobrepor botões até gostar do resultado final.



Como é que divulgas o teu trabalho?

Através da internet e na ladralternativa.

A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Sim, mas apenas na divulgação internacional das minhas peças. A nível nacional o que funciona melhor são mesmo as feiras de artesanato.



O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Acho que como qualquer moda, vai passar. Passar para muitos dos que fazem e para muitos dos que compram. Ainda no outro dia comprei uma boneca pela internet a uma crafter e pedi-lhe uma outra peça dela que já tinha visto no flickr mas que não estava à venda onlline e ela disse-me que já não fazia mais bonecos, só estava a vender as peças de sobra.

Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Que teste e experimente, que faça cem vezes, desmanche tudo e volte a fazer de uma nova maneira, que pode ser melhor ou pior, nunca se sabe. E que basicamente trabalhe até encontrar o seu próprio estilo, se durante o processo fez reproduções de peças de outras pessoas, que as deixe ficar na caixa dos testes.



Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Gosto de muitos e compro peças a muita gente de cá e de além fronteiras. Sou péssima para reter nomes e vou só referir o António Azevedo porque deve ser a pessoa a quem eu passo a vida a comprar coisas, porque não resisto aos montaditos, aos galos, às andorinhas, aos colares...

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Ter cada vez mais tempo livre para as minhas filhas, para o meus projectos de artesanato e para a fotografia.


1 comentário:

pombamarela disse...

Obrigada Elsa, ficou excelente.