domingo, 20 de setembro de 2009

Simão feito à mão



Nome: Simão Bolívar
Cidade: Porto
Blog: simaofeitoamao.blogspot.com





Como descreverias o teu trabalho?

O meu trabalho tem sido descrito como «brinquedos com materiais reciclados». No entanto, como a maioria dos trabalhos são feitos em lata e possuem peças pequeninas ou arestas cortantes, tecnicamente não podem ser chamados brinquedos, de forma que eu recorro ao termo «objectos lúdicos com materiais reaproveitados» para expressar de forma mais correcta o que faço.



Como é que tudo começou?

O gosto pelo trabalho manual começou desde pequeno quando brincava na oficina do meu pai que faz teatro de bonecos no Brasil. Profissionalmente, começou quando vim viver em Portugal. Comecei por fazer algumas prendas para uns amigos e depois, cansado de esperar pelos meus documentos, fiz uma proposta ousada, para hoje, um grande amigo, David Monteiro, «Joe». Propus-lhe fazer uma exposição de brinquedos, numa loja que ele tinha na ribeira, cá no Porto. Isto foi em Junho de 2007 e nunca mais parei!



Como escolheste o nome do teu projecto?

O nome foi escolhido assim de relance, estavamos a criar um blog para divulgar a exposição de brinquedos e tinha que colocar um nome e eu disse põe aí Simão feito à mão e, pronto, ficou.

Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

Criar. Gosto de fazer coisas, de materializar ideias, de reaproveitar materiais. De transformar o que era desprezível em algo interessante.



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Sim, vivo dos objectos que crio, mas divido o meu tempo entre a oficina e o trabalho voluntário na Associação A Caderira de Van Gogh da qual faço parte. Ultimamente, comecei a realizar algumas oficinas onde desenvolvo trabalhos de reciclagem com as crianças.

De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

O que inspira o meu trabalho são artistas como Alexander Calder, Virgílio Moutinho ou Theo Jansen. Mas também os brinquedos tradicionais e as próprias tradições populares portuguesas que interpreto e represento na forma de objectos lúdicos, como, por exemplo, os homens a pisar as uvas ou as senhoras a sacudir tapetes nas varandas da Ribeira.



Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Os materiais que utilizo encontram-se por toda a parte, na minha ou na sua casa, são resíduos do dia-a-dia. E tenho toda a gente que conheço e não conheço a contribuir para este processo! Desde familiares e amigos a pessoas que conheço nas feiras onde divulgo o meu trabalho. Volta e meia oferecem-me sacos de lixo, às vezes deixam pendurados na porta de minha casa, e eu agradeço! Retribuo depois com um dos meus brinquedos. É uma das coisas que me entusiasma neste processo, ver as pessoas a contribuir. Porque também há uma componente ambiental naquilo que faço. A Lipor também tem contribuído muito. Aliás não só para o meu projecto mas para muitos outros, têm feito um bom trabalho.



De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

Agrada-me o entusiasmo de criar algo novo. Pensar nos mecanismos e desenvolver uma ideia inicial. É como um jogo de descobrir, é aí que eu brinco com os materiais e as ferramentas! Depois é o momento final, ficar satisfeito com o resultado e ver os outros brincar!

Como é que divulgas o teu trabalho?

Divulgo o meu trabalho pelo blog, em contacto directo com as pessoas em feiras, exposições e outros eventos, também nas lojas em que tenho as peças à venda e em entrevistas para todos os meios de comunicação, televisão, imprensa rádio e internet.



A Internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Sim, sem dúvida. Hoje vivemos de blogs e sites. Todos os eventos circulam na net, os convites e as propostas também. Ainda não recebi nenhum convite por carta, seria giro... Também há quem venda através da Internet. Não é o meu caso, mas já tenho recebido encomendas que depois entrego pessoalmente.

O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Tudo tem um lado bom e um lado mau. Se a moda por um lado gera um leque de oportunidades muito maior, abrindo portas aos artesãos, aumentando o número de eventos e aumentando a sua divulgação em áreas em que até então não eram falados, como a televisão, a rádio e os restantes canais de comunicação. Por outro lado, também faz aumentar o número de trabalhos sem qualidade, há muita gente a fazer as mesmas coisas, apenas com o intuito de ganhar algum dinheiro.



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Continue à procura!

Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Não tenho crafters favoritos.

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Poder continuar a fazer o que gosto.

2 comentários:

Carla M. disse...

Os brinquedos do Simão são PRECIOSOS!

Anónimo disse...

Tive o privilégio de ver estas pequenas maravilhas há pouco tempo em Almada.
Fiquei encantada não só com a perfeição dos bonecos como com a sua "mobilidade" e funcionamento. Um trabalho muito interessante. Parabéns !