domingo, 26 de abril de 2009

A Ervilha Cor de Rosa



Nome: Rosa Pomar
Cidade: Lisboa
Blog: aervilhacorderosa.com
Loja online: shop.rosapomar.com e retrosaria.rosapomar.com
Flickr: www.flickr.com/photos/rosapomar




Como descreverias o teu trabalho?

Uma exploração pelo universo têxtil, com um pé na história do design e outro nas técnicas e materiais tradicionais.



Como é que tudo começou?

Acho que foi com o Big Bang. Estou a brincar: desde que me lembro que gosto de brincar com fios e tecidos. A primeira coisa que me lembro de fazer foi um bordado em (tentativa de) ponto cruz feito aos quatro ou cinco anos com fios de lã de todas as cores num bocado de serapilheira. Nessa altura vivia no Alentejo e a minha mãe tinha recentemente aprendido a fazer tapetes de Arraiolos (que eu mais tarde também aprendi a fazer). Depois fui aprendendo a fazer outras coisas. A minha irmã, mais nova que eu, foi vítima dos meus primeiros projectos de tricot.

Como escolheste o nome do teu projecto?

A Ervilha Cor de Rosa é uma brincadeira com o meu nome e o da minha filha mais velha. Os outros nomes (Rosa Pomar e Retrosaria) não têm nada de imaginativo.



Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

(Continuo a achar que temos de arranjar uma palavra melhor do que crafts) Porque me entusiasma dominar técnicas com milhares de anos que passaram de mãe para filha até hoje, saber construir uma peça de roupa a partir de um fio e dois pauzinhos ou uma manta para nos aquecermos com bocados de roupas que já não servem. É como que um fio condutor que nos liga ao início da humanidade e que passamos às gerações seguintes.



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Neste momento sim, mas não separo as peças que crio dos outros assuntos que abordo no meu blog. Acho que A Ervilha Cor de Rosa é que é um trabalho a tempo inteiro, e o que vou criando são materializações dos interesses que me movem. O que ocupa os meus dias, antes, durante e depois do trabalho, são as minhas filhas e a minha família. Eles é que são o motor do resto.



De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

De coisas pequeninas, muitas vezes. Combinações de cores encontradas numa parede, a cara de alguém que se viu passar na rua, das memórias e de tudo aquilo que nos faz olhar duas vezes.

Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Onde eles estiverem. A procura é uma das partes mais emocionantes.



De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

De olhar para elas quando as termino. Se for um quilt, por exemplo, o ponto alto é pegar nele depois de lavado, e apreciar como todos aqueles pedacinhos se tornaram uma coisa única, completa e quente.



Como é que divulgas o teu trabalho?

Através dos meus sites, sobretudo.

A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Claro!

O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Acho que há duas maneiras principais de olhar para ela: uma mais corporativa, de quem leva o seu trabalho muito a sério e, ao passar pelas novas feiras pensa mas como é que aquela pessoa está ali a vender aquelas coisas tão feias, tão mal feitas e por um preço tão irrisório que se tiver alguma coisa é prejuízo. A outra, mais descontraída, é a de na mesma situação, pensar antes passar o dia ali ao ar livre e na conversa com amigos do que estar em casa a ver televisão ou no centro comercial. Mesmo que não venda absolutamente nada. Eu, muito sinceramente, oscilo entre as duas.



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Começa por desligar já o computador. Na internet só vais encontrar inspiração digerida por outras pessoas. O mundo não precisa de mais pregadeiras em feltro sintético e, no mundo real, há muitas técnicas e saberes sem herdeiros. Pede à tua avó que te ensine a fazer um cesto de vime, ou recupera o tear que ela tem lá em casa e que está cheio de teias de aranha, ou aprende a fazer chinelos de ourelos e agulhas de tricot com aros de bicicleta (isto é verídico) e meias da Serra d'Ossa porque mais ninguém sabe. Vais ter de certeza muito mais para contar do que se ficares aí desse lado, e muitas mais pessoas a querer ler-te (eu vou ser uma delas).



Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Vou antes partilhar este nome que não é muito conhecido por cá. Marilyn Neuhart. Conheci o trabalho dela há poucos anos, mas quero ser como ela quando for grande. Aqui está uma entrevista com ela que recomendo vivamente.

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Este ano, ter finalmente um atelier aberto ao público.

12 comentários:

Irene Sarranheira disse...

Parabéns pela entrevista,a Rosa sempre foi uma fonte deinspiração pra mim ,quando começei neste mundo da blosfera foi um dos primeiros sites que visitei e tornei-me adpta completamente,ela tem um jeito unico para escrever para passar as idéias e assim como eu adora misturar o dia a dia a vida familiar com o trabalho e isto mesmo é que torna essa mulher tão fantástica!!! Eu também inspiro muito nisto de estar com minhas filhas derepente uma brincadeira delas ou isso torna parte de um projecto!!! É maravilhoso mais uma vez Parabénssss,bjinhos Irene Sarranheira;)

zeliaevora disse...

Bela entrevista, bela crafter, bela mulher cheia de inspiração!

sonia sapinho disse...

Passei pelo "vidas crafty" pela primeira vez, a semana passada através das Matildes Beldroegas. Em seguida li todas as entrevistas publicadas. Hoje voltei através do link da Rosa.

Muitos parabéns pelo blog e pela compilação de entrevistas que fazes.

Eliane Zimmermann disse...

parabéns também aqui da Irlanda, que blog bonito e que bela entrevista com a Rosa. Ontem ecrevi sobre a coisa com a Oilily.

Elsa Fernandes disse...

Obrigado a todas pela visita e pelos comentários tão positivos ao Vidas Crafty :) Voltem sempre!

Ana D. disse...

Perfeito!
Não podia concordar de outra forma com o que a Rosa nos confidenciou.
A Rosa foi das primeiras pessoas que neste mundo cibernetico, me chamou a atençao pela sua simplicidade, imaginação e principalmente ser fiel ás tradições (mesmo se misturar um pouco do "moderno")... e já passaram alguns anos.
Mais uma vez... um belo artigo;)*

Guizito disse...

Mais uma vez parab´nes amiga...

Um beijinho grande

Alexandra disse...

Gostei muito da entrevista da Rosa, há muito que esperava lê-la nas vidas crafty ;)
Uma sugestão: para quando a RitaCor? Tal como a Rosa, tem um trabalho absolutamente inspirador!
Tenho imensa curiosidade de a conhecer melhor....
Fico à espera ;)

cristina roldao disse...

Gostei muito da entrevista da Rosa, não posso desligar o computador, é por ela que aqui estou, é através dela que desperto e que tantas coisas no mundo e na vida me interessam.
Que bom termos a Rosa.

Cristina Dinis Roldao

Marilia disse...

Só agora conheci esse site de entrevistas. Sigo há algum tempo a Ervilhacorderosa. Gostei de ver as outras entrevistas.Tenho um atelier de costura e dou aula para meninas. É uma inspiração ver tanta gente se dedicando aos trabalhos manuais !

Solange Maia disse...

Sensacional !!!
Virei fã assim que tive a sorte de conhecer este espaço !

Abraço especial,

Solange

http://eucaliptosnajanela.blogspot.com

APO (Bem-Trapilho) disse...

entrevista muito interessante! parabéns!