Nome: Alice Bernardo
Cidade: Guimarães, por enquanto...
Blog: nouss-nouss.blogspot.com
Loja online: http://www.noussnouss.com/
Flickr: www.flickr.com/photos/noussnouss
Como descreverias o teu trabalho?
Esquizofrénico? Não, a sério, não faço a mínima ideia de como o descrever, porque vai mudando com o tempo, e também porque não me levo muito a sério como crafter. Talvez o melhor seja dizer que é um divertimento que se tornou parte indispensável da minha vida.
Como é que tudo começou?
Começou com uma vontade de recomeçar a fazer coisas com as minhas mãos porque sempre gostei. Depois aprendi a mexer na máquina de costura porque queria fazer uma guirlanda que, por acaso, (ainda!) não acabei, e achei que uma ferramenta destas havia de ser interessante de explorar. A partir daí perdi-lhe o rasto, mas deve estar tudo documentado no blog...
Como escolheste o nome do teu projecto?
Procurava um nome que me agradasse sem ser demasiado revelador do conteúdo do blog. NoussNouss quer dizer mais-ou-menos, assim-assim e meia-de-leite. É uma expressão marroquina que gravei, como muitas outras, no tempo que passei em Tânger, enquanto o meu pai lá trabalhou. Agradou-me esta palavra por várias razões. Não é propriamente indicativa do tipo de blog que tenho, tem uma sonoridade bonita, suave, e o significado de assim-assim encaixa na perfeição naquilo que é o Noussnouss - um bocadinho disto e daquilo.
Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?
Como arquitecta, tive uma formação em que aprendi a materializar as minhas ideias, mas sabendo que nunca o iria fazer sem a intervenção de terceiros. Aqui, agrada-me sentir que sei fazer algo pelas minhas próprias mãos, seja com agulha e linha ou com um berbequim. Saber é poder.
Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?
Ocupam parte do meu tempo. Outra parte é ocupada pela arquitectura e outra pela pura procrastinação.
De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?
Das coisas que gostava de ter e não encontro. Dos materiais que vou encontrando e apetece utilizar seja como for. Das coisas bonitas do dia-a-dia. Da vontade de fazer algo especificamente para alguém.
Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?
Salvo raras excepções, tudo o que uso é produzido em Portugal, seja industrial ou artesanalmente. Em armazéns grandes, lojas pequenas, por artesãos simpáticos... Procuro muito e por todo o lado!
De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?
Depende da peça, mas uma das minhas coisas preferidas é acolchoar uma quilt enquanto vejo um bom filme. Chego ao cúmulo de fazer colchas só para ter desculpa para me sentar no sofá a preguiçar… alguém aí precisa de uma quilt quentinha??
Como é que divulgas o teu trabalho?
Através do meu blog, principalmente. Também tenho a sorte de ser visitada por pessoas muito simpáticas, que ajudam na divulgação e às quais agradeço!
A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?
O papel principal.
O que achas da actual moda do artesanato urbano?
O que considero importante é a forma como restaurou a apreciação do consumidor pelo objecto que é planeado e feito com carinho. Quando a moda passar, espero que fique essa forma de pensar, que nos obriga a reflectir sobre tudo o que se consome com avidez.
Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?
Procurar inspiração nos objectos mais insuspeitos e noutras áreas, bem longe dos crafts – a interdisciplinaridade dá sempre frutos. Usar as técnicas tradicionais como meio, e não como fim em si.
Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?
Já que este é um blog sobre crafters em Portugal, fico-me por três escolhas nacionais: a Maria João Ribeiro, pela bijuteria absolutamente brilhante, a Maria João Arnaud, por todo o seu trabalho, mas principalmente pelos belos tecidos que já tive o prazer de ver ao vivo e a Marta Mourão, porque é difícil encontrar crafters que façam peças de roupa tão bem pensadas e executadas como ela faz.
Quais são os teus sonhos para o futuro?
A curto prazo, solidificar os projectos que «plantei» nos últimos dois anos. A longo prazo, encontrar o ponto estável onde conseguirei conciliar os dois lados opostos, profissionalmente, da minha vida. Coisa pouca, portanto…